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Como trabalha Sérgio Prado

7 de maio de 2017 by José Nunes

Sérgio Prado, 45, é gerente de conteúdo do PokerStars e comentarista de poker na ESPN.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?

Tenho duas rotinas distintas… Geralmente acordo por volta de seis da manhã e em poucos minutos já estou trabalhando. Essa é uma das grandes vantagens de fazer “home office”. Mas, quando estou fazendo a cobertura de torneios, não existe uma rotina muito fixa, devido aos horários de cada evento. Nos eventos do campeonato brasileiro de poker (BSOP), onde também faço a Coordenação de Mídia, acordo por volta das seis da manhã, divulgo as informações, resultados e fotos para os colegas da imprensa e volto a dormir até a hora do almoço. Nos torneios internacionais, acordo por volta de nove horas e já desço para o salão do torneio, para deixar tudo pronto para o começo dos eventos, que geralmente tem início ao meio dia.

Como você administra o seu tempo? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?

Eu prefiro sempre resolver uma pendência antes de partir para a próxima. Não gosto muito de acumular trabalhos e geralmente só começo uma tarefa depois de terminar a anterior. Nem sempre isso é possível, mas acho que assim maximizo o meu tempo e melhoro minha capacidade de concentração.

Como é sua relação com a tecnologia? O e-mail tem interrompido sua vida produtiva? Que ferramentas você usa para se manter organizado?

Eu adoro tecnologia! Meu trabalho está diretamente ligado com esse universo, estou sempre de olho em mídias sociais e sites de notícia. No esquema interno do meu departamento no PokerStars os e-mails praticamente não existem, utilizamos um sistema muito prático para organizar o fluxo de trabalho. E, claro, os serviços de mensagens instantâneas, que facilitam a comunicação rápida. Ainda utilizo aplicativos de agenda, mas cada vez com menos frequência e para assuntos pessoais, como compromissos e pagamentos de contas.

Como costuma ser o seu local de trabalho? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para trabalhar?

Gosto de manter tudo organizado, sou meio perfeccionista. Meu ambiente de trabalho é daqueles que têm cabos enrolados e escondidos, papéis guardados em gavetas, etc… Mas barulho não me incomoda muito, já trabalhei em redações de televisão onde o silêncio não existe! E quando quero me concentrar, coloco fones de ouvido e escuto música. Aliás, esse é um hábito que tenho mesmo quando estou sozinho em casa, sempre coloco música para trabalhar!

De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?

Um dos desafios maiores nesses doze anos escrevendo sobre poker é manter a originalidade. É complicado, pois existe uma certa limitação na criatividade graças à mecânica do jogo e às vezes acho que estou chegando perto de esgotar as possibilidades na narrativa das situações de uma partida de poker. Mas busco inspiração em filmes e livros para tentar contar as minhas histórias de maneira diferente. Acho que buscar essas referências é fundamental. Hoje em dia tenho o hábito de ler bastante, acho que me ajuda muito na hora de escrever. Nos quatro primeiros meses desse ano já li onze livros, e isso me ajuda muito no trabalho.

Como você lida com bloqueios criativos, como o perfeccionismo, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?

No meu universo, não existe muito espaço para o perfeccionismo. As situações acontecem e têm que ser reportadas o mais rápido possível. São raros os textos onde tenho um tempo maior para pensar e elaborar uma narrativa com mais tranquilidade. Na maior parte do tempo, utilizo a experiência e as referências para combater o imediatismo e a urgência. Em doze anos, acho que aprendi todos os atalhos para passar a informação sobre um torneio de poker de maneira rápida e eficiente.

Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? Que conselhos sobre produtividade não funcionaram para você?

Tenho muito problema com a procrastinação. E procuro me livrar dela focando em projetos únicos e dividindo meu tempo de maneira organizada. Manter a concentração é a melhor maneira de não passar o dia inteiro no sofá, principalmente quando estou trabalhando em casa.

Qual é o livro que mais mudou a sua vida e por quê? O que você considera inspirador ler ou aprender sem que lhe peçam ou esperem isso de você?

Tenho muitos livros que me marcaram, sou viciado em literatura! Mas “Sonhos de Einstein” de Alan Lightman tem sempre um lugar especial nas minhas lembranças, é aquele livro que sempre estou relendo.

Que conselho você queria ter ouvido aos vinte anos? Com o que você sabe hoje, se tivesse que começar novamente, o que você faria de diferente?

Acho que se eu sentasse em uma mesa de bar para tomar cerveja com o meu “eu” aos 20 anos, teria mais perguntas do que conselhos para dar! E digo isso porque não sei se teria feito nada diferente do que fiz, não mudaria muito meu trajeto. Acho que seria incrível poder entender melhor o que pensava naquela época.

Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?

Acho que as duas perguntas têm uma mesma resposta! Quero um dia poder escrever um livro. Nada autobiográfico, apesar de muitas pessoas me sugerirem isso. Queria escrever ficção, tentar colocar no papel um pouco das minhas influências literárias, isso seria interessante.

Arquivado em: Entrevistas

Sobre o autor

José Nunes (@nunescnt) é doutor em direito pela Universidade de Brasília.

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