Renato Stefani é fundador do Hack Life e instrutor de Yoga certificado pela International Sivananda Yoga Vedanta Centre.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
A manhã é totalmente dedicada ao “mundo interno” para meu autoconhecimento. Acordo, tomo minha água com limão espremido e já sento no meu tapete de Yoga para no mínimo vinte minutos de meditação. Em seguida, faço minha prática completa de 1h30 de Yoga. Se sonhei durante à noite, escrevo todo o meu sonho antes de começar a meditação. Aí sim, tomo meu café da manhã e vou lidar com o “mundo externo”.
Como você administra o seu tempo? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
Manhã é sempre sagrada para eu me trabalhar pessoalmente e emocionalmente. Depois do meu ritual matinal, vou trabalhar e fico até trinta minutos antes do almoço apenas escrevendo e fazendo trabalho criativo e estratégico.
Como é sua relação com a tecnologia? O e-mail tem interrompido sua vida produtiva? Que ferramentas você usa para se manter organizado?
Já foi melhor, hoje em dia eu estou tentando fazer as pazes com ela. Fui uma pessoa muito mental durante muito tempo e quando despertei para isso criei um “asco” diante da tecnologia. E-mail atrapalha demais, ele cria um “gatilho” de cenourinha dentro de nós, eu só estou abrindo ele trinta minutos antes do almoço e deletei os aplicativos de e-mail do celular. Se eu não imponho essas restrições, o e-mail e as mídias sociais acabam ganhando de mim. Sobre ferramentas, só o básico: evernote e google docs e calendar.
Como costuma ser o seu local de trabalho? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para trabalhar?
Silencioso, limpo, local onde consigo trabalhar com postura adequada. Já trabalhei muito curvado diante de um notebook, hoje conecto ele a um teclado e mouse separado e coloco livros embaixo para conseguir trabalhar na melhor postura possível.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Se eu forçar qualquer hábito ou rotina não vou ser criativo, concorda? Faço questão de viver a vida da melhor maneira possível, de acordo com minha essência, é daí que surge a energia criativa. A meditação e o Yoga ajudam bastante a “limpar” o que não é útil.
Como você lida com bloqueios criativos, como o perfeccionismo, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Eu observo, sei que eles estão lá, e através de uma respiração de cada vez persisto. Eles vão me acompanhar a vida inteira, então eu só os coloco no lugar devido.
Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? Que conselhos sobre produtividade não funcionaram para você?
Sim, terapia e meditação. Não adianta falar de “hacks” de produtividade, fazer isso ou aquilo que você acaba virando escravo dos seus hábitos e rotina. Aprendi com Prem Baba que a preguiça e a procrastinação nada mais são do que emoções congeladas no seu sistema. Depois de anos de terapia, assino embaixo do que ele fala. Ao liberar traumas de infância e trabalhar meu emocional, minha produtividade aumentou significativamente.
Qual é o livro que mais mudou a sua vida e por quê? O que você considera inspirador ler ou aprender sem que lhe peçam ou esperem isso de você?
Gosto de ler tudo que diz respeito à futurismo, ficção, espiritualidade e Yoga. O último livro que mais me impactou foi “a autobiografia de um Yogue” de Paramahansa Yogananda. Posso indicar outros tantos, mas não acredito em indicação de livros. Muitas pessoas vão atrás de outras que elas admiram para pegar a lista dos “10 livros que elas indicam para ler”. Eu, particularmente, acho isso uma grande bobagem, sabia? Um livro tem que te pegar na hora certa, no momento certo da sua vida. E não existe ninguém melhor do que você mesmo para decidir esse momento. Você pode sim, pegar inspiração, mas não vá copiar tudo que outra pessoa está falando. Cabe só a você ter discernimento e análise para saber quando é a melhor época para ler.
Que conselho você queria ter ouvido aos vinte anos? Com o que você sabe hoje, se tivesse que começar novamente, o que você faria de diferente?
Nada, senão não seria eu. Tudo que passei foi necessário para a minha jornada. Querer esse “conselho” implicaria uma insatisfação com a minha vida como ela é hoje e o que eu faria diferente. E aí não seria a minha vida. Longe de ser uma vida perfeita, hoje trabalho a aceitação de que ela é o que é.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
O projeto que eu gostaria de fazer mas ainda não comecei de fato é exatamente o livro que eu gostaria de ler e ainda não existe. É uma mistura de “Be Here Now” de Ram Dass e “O alquimista” de Paulo Coelho, uma ficção que explica o ser humano no contexto do universo.