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Como trabalha Raoni Henrique

16 de maio de 2017 by José Nunes

Raoni Henrique é publicitário e consultor, cofundador do Movimento Ímpar.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?

Acordo geralmente às 7 horas. Não tenho uma rotina fixa, pois estou sempre viajando a trabalho e depende bastante das demandas. Vou testando diferentes rotinas para ver a mais produtiva e a que mais se adapta ao meu estilo de vida e que respeite as necessidades do meu corpo. Após acordar e tomar um bom café da manhã, busco me exercitar para começar o dia 9h ou 9h30.

Como você administra o seu tempo? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?

Geralmente trabalho de casa ou em algum coworking. Em Belo Horizonte vou muito ao café 104 e no Impact Hub. A rotina empreendedora é pesada e trabalho em média dez horas por dia. Gosto de fazer pausas nesse período para ler alguma coisa, acompanhar o noticiário e até mesmo tirar um cochilo após o almoço. Gosto muito de escutar meu corpo e não ficar muito tempo olhando para telas, o que às vezes é impossível. O trabalho costuma ir até 21 horas, dependendo do dia. Atualmente tenho vários projetos em andamento e é um desafio manter a produtividade alta com tantas demandas.

Como é sua relação com a tecnologia? O e-mail tem interrompido sua vida produtiva? Que ferramentas você usa para se manter organizado?

Amo tecnologia e sempre estou me policiando para não me tornar um escravo dela. Meu celular fica sempre no modo não perturbe e só atendo ligações que sejam urgentes. O whatsapp é o que mais me distrai, mas busco silenciar todos os grupos e responder todo mundo de uma vez. Eu e minha sócia no Movimento Ímpar, Marcelle Xavier, nos comunicamos pelo Slack, e utilizo o Trello para organizar minhas tarefas. Marco tudo no Google Agenda, e para anotações uso o Evernote, embora não dispense o caderno de anotações tradicional. Busco responder aos e-mails também de uma vez, para evitar interrupções. Algo que me ajuda a manter minha produtividade é planejar meu dia logo cedo, mas confesso que essa programação acaba sempre mudando ao longo do dia.

Como costuma ser o seu local de trabalho? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para trabalhar?

Em casa busco um canto silencioso e de preferência longe da cama e sofá, para evitar tentações. A cozinha tem se tornado um lugar favorito. Para me concentrar, especialmente em espaços de coworking, um fone de ouvido e boas listas no spotify sempre funcionam.

De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?

Acho que boas ideias surgem a partir de boas experiências, de um bom repertório e de conversas com as pessoas. Ler, ver bons filmes, transitar em lugares inusitados, como uma partida de vôlei ou futebol, um boteco, um restaurante fino e um carrinho de hot dog me ajudam a ter uma visão menos limitada do mundo e a ter boas ideias.

Como você lida com bloqueios criativos, como o perfeccionismo, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?

Percebi ao longo do tempo que muitas pessoas, assim como eu, têm medo de serem vulneráveis. O medo da crítica, fracasso, julgamentos está por trás do adiamento de um projeto, perfeccionismo, etc. Tenho cada vez mais aprendido a me expor, colocar minhas opiniões, me colocar no lugar dos outros para ter mais coragem e evitar bloqueios criativos.

Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? Que conselhos sobre produtividade não funcionaram para você?

Procrastinação é sempre um problema, ainda mais para mim que me interesso por diversos assuntos e sempre me pego lendo listas do Buzzfeed enquanto tem mil tarefas para serem feitas. Busco trabalhar com ciclos de concentração para evitar a procrastinação e, se vejo que estou sem atenção, me permito dar uma pausa para depois voltar mais concentrado para a tarefa.

Qual é o livro que mais mudou a sua vida e por quê? O que você considera inspirador ler ou aprender sem que lhe peçam ou esperem isso de você?

Dois livros que me marcaram profundamente li há mais de dez anos, que são O Caçador de Pipas e A Caminho de Kandahar. O mundo tinha acabado de vivenciar os atentados de 11 de setembro e a guerra no Iraque e o mundo árabe era uma incógnita não só para mim, que entrava na fase adulta, mas para muita gente. Ler esses livros me ajudou a entender um pouco da realidade do mundo islâmico sem os estereótipos que estamos acostumados a ter sobre culturas diferentes. Em um mundo marcado pelo aumento da polarização e falta de diálogo, essas leituras me ajudaram a ter mais empatia e aumentaram o desejo de conhecer novos lugares e culturas.

Que conselho você queria ter ouvido aos vinte anos? Com o que você sabe hoje, se tivesse que começar novamente, o que você faria de diferente?

Aos 20 anos já estava quase me formando em Publicidade e Propaganda. Depois daquela época minha vida e carreira mudariam bastante. Ainda era muito apegado a conceitos antigos como trabalhar em uma grande empresa, sucesso como realização profissional e ter duas graduações na bagagem. Se alguém tivesse me dito que fazer, conversar e realizar é mais importante seria de grande utilidade, mas acredito que aprendi na hora certa valores em que acredito hoje.

Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?

Atualmente estou desenvolvendo o Movimento Ímpar, que pretende auxiliar as pessoas a serem líderes nesse momento de transição que acredito que o mundo está passando. É a realização de um sonho, mas gostaria de organizar um TEDx em Belo Horizonte falando sobre nova economia, quem sabe esse ano. O livro que gostaria de ler e não existe é a biografia de minha mãe, a pessoa mais inspiradora que já conheci e que infelizmente já nos deixou.

Arquivado em: Entrevistas

Sobre o autor

José Nunes (@nunescnt) é doutor em direito pela Universidade de Brasília.

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