Michelle Rodrigues é instrutora da metodologia de produtividade GTD.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Eu não sou uma referência no quesito manhã, pois quando acordo tenho dificuldade até para falar o meu nome… tenso. Porém, quando o dia está acabando eu sempre olho a agenda do próximo dia, então isso me ajuda muito. Quando eu tenho compromisso no dia seguinte, já deixo à mão tudo o que posso, pois é uma forma de facilitar as minhas manhãs.
Como você administra o seu tempo? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
Eu sou suspeita para falar, pois sou fã e instrutora da metodologia de produtividade GTD (Getting Things Done), então é com base nos conceitos do GTD que eu administro não só o meu tempo, mas toda a minha vida. Falando de modo bem superficial, eu administro meu dia através de um calendário eletrônico (do Outlook), e é ele que me dá uma noção geral. Até por conta do GTD, é muito normal ter vários projetos em andamento ao mesmo tempo (e sem ficar doida!).
Como é sua relação com a tecnologia? O e-mail tem interrompido sua vida produtiva? Que ferramentas você usa para se manter organizada?
Eu sou muito adepta do uso da tecnologia no dia a dia e a cada dia fico mais boba de ver o que ela pode fazer ao nosso favor (como as pessoas iam de um lado para outro da cidade sem GPS???). No momento uso o Todoist, Dropbox, Evernote e Outlook. Os e-mails já foram um problema na minha vida, agora definitivamente não são mais (agora estou com três e-mails no meu inbox corporativo).
Como costuma ser o seu local de trabalho? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para trabalhar?
O local onde eu trabalho costuma variar entre escritório, casa e em empresas ministrando treinamentos. Particularmente eu gosto de um ambiente calmo e silencioso, mas com o passar do tempo fui melhorando essa habilidade de conseguir me concentrar mesmo com barulhos ao redor (afinal, se trabalhamos no mesmo ambiente que outras pessoas, acaba sendo inevitável). Se eu estou em um dia de concentração nível 0, o que costumo fazer é ouvir música ou tentar ir para um lugar mais calmo; geralmente funciona.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Para mim não há um padrão… quando eu menos espero, eureca! Mas percebo que é muito comum surgir ideias enquanto estou no banho, acho que é por conta do relaxamento.
O que eu faço para que as ideias fluam e a criatividade esteja sempre em alta é deixar a mente o mais vazia possível! Eu anoto todas as pendências, preocupações, etc, e isso já ajuda a deixar a mente mais leve. “Sua mente foi feita para ter ideias, não para armazená-las” (David Allen).
Como você lida com bloqueios criativos, como o perfeccionismo, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Essa pergunta é bem bacana. Para mim, não funciona forçar a minha criatividade, pois quanto mais eu correr atrás dela, mais ela foge de mim. Quando começo a empacar, eu simplesmente paro e mudo de atividade; quando eu volto flui muito melhor.
Com relação ao medo de não corresponder às expectativas e ansiedade com projetos longos, felizmente isso não é um problema para mim. Projetos longos vão existir, mas todos eles têm um fator em comum: você precisa começar apenas por uma ação; se você pensar assim, tudo se torna muito mais simples.
Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? Que conselhos sobre produtividade não funcionaram para você?
Um dos assuntos que eu mais gosto de falar é sobre a tal da procrastinação, talvez por eu ter sido refém dela por muito tempo. Confesso, às vezes ela ainda vem sorrateiramente, mas hoje é algo muito mais controlado (e vez ou outra eu até acho saudável, claro, quando ela realmente está no seu controle), inclusive indico esse TED: Inside the mind of a master procrastinator (Tim Urban). O que funcionou para mim são duas técnicas tão fáceis que chegam a ser quase ridículas…
Primeiro, não pensar no todo, mas apenas em uma pequena ação que eu preciso fazer para fazer algo andar. Qual é a primeira ação que eu devo fazer para mover esse projeto adiante? É sempre essa a minha linha de raciocínio.
A segunda técnica é trabalhar com a recompensa, como se eu fosse uma criança de quatro anos. Quando eu sinto que estou entrando no modo procrastinador eu faço alguns acordos comigo mesma e só me deixo receber a recompensa X depois que eu finalizar Y. Para mim essas duas técnicas são incrivelmente eficazes.
Qual é o livro que mais mudou a sua vida e por quê? O que você considera inspirador ler ou aprender sem que lhe peçam ou esperem isso de você?
Essa é difícil… Bom, acho simplesmente incrível a história do “O Pequeno Príncipe” pois vai muito de encontro com tudo o que eu acredito na vida, principalmente “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”; quer coisa mais bonita do que essa? (risos)
Hoje em dia eu estou muito focada na questão da produtividade, redução de estresse, equilíbrio de vida pessoal e profissional, etc; começou por conta do lado profissional, mas é um assunto tão interessante e vejo tantas pessoas precisando de ajuda que me sinto muito bem aprendendo mais sobre tudo isso.
Que conselho você queria ter ouvido aos vinte anos? Com o que você sabe hoje, se tivesse que começar novamente, o que você faria de diferente?
Engraçada essa pergunta, porque é frequente falarmos assim: “Ah se eu tivesse XX anos com a maturidade de hoje…” (risos) Mas nós só temos a maturidade de hoje por causa das burradas que fizemos, não é verdade? De toda forma, eu diria: menina, acorda pra vida! Você pode mais, então bora arregaçar as mangas e fazer acontecer! As desculpas são as razões dos fracos!
Se eu tivesse que começar novamente, eu teria lido mais livros, teria investido mais na minha carreira de formação, teria amado mais, teria deixado o racional de lado em muitos momentos… (parece aquela música dos Titãs, mas é tudo verdade).
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Quero muito fazer um trabalho social, de preferência com moradores de rua. Já fiz algumas ações sozinha, mas quero fazer algo mais substancial (e não só dar de comer sabe?).
Gostaria de ler um livro que tenha diversas histórias reais de pessoas com os problemas mais diversos do mundo e que conseguiram superar de alguma forma, mostrando para o leitor, em cada história, o quanto devemos ser agradecidos por tudo o que temos… Alguém conhece algo do tipo para me indicar?