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Como trabalha Krystel Leal

3 de maio de 2017 by José Nunes

Krystel Leal, portuguesa, freelancer em marketing digital, fundadora do projeto Nomadismo Digital Portugal e do blog Sou Nómada.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?

Sim, tenho uma rotina matinal. Acordo relativamente cedo (antes das 9 da manhã) e começo o meu dia com um bom café da manhã. Normalmente aproveito esse momento para ouvir um podcast ou dar uma olhada no Feedly, mas nunca começo a trabalhar.

Só depois desse café da manhã, de alguns minutos de meditação matinal e um bom banho é que começo a trabalhar. Acho essencial ter esses minutos de descontração em que deixo o meu corpo despertar lentamente.

Como você administra o seu tempo? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?

Tenho sempre vários projetos a acontecer ao mesmo tempo, sejam projetos meus ou de clientes. Nunca tenho só um cliente, o que faz com que a organização do meu tempo seja algo levado muito a sério.

Funciono muito à base de listas. Faço uma lista de tarefas a realizar em cada dia. Cada dia tenho no máximo cinco tarefas absolutamente essenciais a realizar no dia. Tento fazer essa lista a cada sábado ou cada domingo, para a semana seguinte.

Eu sigo muito a técnica Pomodoro e organizo o meu tempo por blocos de 25 minutos. Tento focar-me em uma tarefa de cada vez. Também uso muito a técnica do batching, que consiste em tentar reagrupar várias tarefas idênticas no mesmo dia, para evitar dispersões de atenção e ter maior foco.

Como é sua relação com a tecnologia? O e-mail tem interrompido sua vida produtiva? Que ferramentas você usa para se manter organizada?

Quando estou a trabalhar e focada em alguma tarefa, desligo todas as notificações (e-mail ou redes sociais) e coloco o meu telefone em silêncio, para evitar distrações. Só quando tenho uma pausa entre blocos de trabalho é que dou uma olhada ao e-mail.

Para a minha organização de trabalho e tempo, uso o Todoist para listar as minhas tarefas e organizar fases de projeto e o Toggl para controlar o meu tempo.

Como costuma ser o seu local de trabalho? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para trabalhar?

Eu trabalho entre a minha casa e cafés. Em casa, o meu espaço de trabalho tem que estar sempre limpo e organizado. Não consigo estar a trabalhar num local com desarrumação!

Gosto muito de ouvir música quando estou a trabalhar, sobretudo música clássica ou acústica. Não preciso necessariamente de silêncio, mas não consigo estar focada se existem pessoas a falar comigo ou sobre assuntos pelos quais tenho interesse.

Por isso, quando trabalho em locais com outras pessoas como cafés, levo sempre headphones para ouvir música e distanciar-me do ruído.

De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?

Leio muito! Livros, pdfs, white papers, ebooks, blogs…quando não estou a escrever, estou a ler. Acho que ler aquilo que os outros dizem ou pensam, mesmo que não concordemos com eles, é essencial para formar as nossas próprias ideias e espírito criativo.

Como você lida com bloqueios criativos, como o perfeccionismo, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?

Ainda estou a lidar, sobretudo com o perfeccionismo. Mais do que ter medo de não corresponder às expectativas ou a ansiedade de comprometimento, eu sou muito perfeccionista com aquilo que lanço para as outras pessoas. Acho que sei e consigo sempre fazer melhor, o que acaba por ser muitas vezes verdade, mas isso leva a que demore muito tempo a lançar projetos por achar que “ainda não está perfeito”. Tenho trabalhado essa ideia de que “perfeito não há quem” e que quanto mais tempo demorar a lançar, mais tempo irá demorar também a ser visto.

Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? Que conselhos sobre produtividade não funcionaram para você?

As únicas técnicas que funcionaram comigo foram as listadas acima. Não me lembro de nenhuma técnica que não tenha funcionado comigo, até porque nunca experimentei muitas para além destas que pratico. A técnica Pomodoro é ótima para manter o foco, e as listas de prioridades é essencial, é só.

Qual é o livro que mais mudou a sua vida e por quê? O que você considera inspirador ler ou aprender sem que lhe peçam ou esperem isso de você?

O livro que mudou a minha vida, é um livro muito “cliché”. Foi o “On the Road” do Jack Kerouac. Este livro validou algo que eu sentia e que tentava bloquear (a wanderlust) e também ensinou-me a não avaliar as outras pessoas e o mundo com as minhas ideias pessoais e preconceitos. Temos tendência (e eu tinha muito) em avaliar cada aspecto da minha vida e do mundo sempre sob o meu olhar, sem nunca conseguir extrapolar-me e sair da minha zona de conforto. O On the Road é um livro que vai muito além da simples viagem e descoberta da América; ensina também muito sobre a luta interna enquanto pessoa e até como empreendedor! Acho essencial para um empreendedor entender que o mundo é muito mais do que aquilo que vemos, e a forma como ele existe pode ser diferente de pessoa para pessoa. Os produtos e tudo aquilo que fazemos deve ser feito com gosto e identificação pessoal, mas também deve ser feita a pensar na diversidade de ideias e de pessoas que existe.

Eu acho importantíssimo as pessoas entenderem essa noção de diversidade e aprenderem mais sobre como comunicar com diferentes pessoas. A comunicação, não sei se é por ser a minha área profissional ou não, é para mim a chave de todos os problemas. Seja na Internet, em projetos digitais ou no mundo “offline”. Aprender a comunicar é uma aprendizagem essencial.

Que conselho você queria ter ouvido aos vinte anos? Com o que você sabe hoje, se tivesse que começar novamente, o que você faria de diferente?

Gostaria que alguém me tivesse dito que “podes ser quem tu quiseres”. Aos 20 anos estava muito presa à ideia de que precisava de acabar a faculdade e que precisava de ter um bom emprego para ser “feliz”. Não entendia que essa felicidade era uma ideia construída pela sociedade e por outras pessoas que não eu. Felizmente percebi isso a tempo de conseguir estar hoje a trabalhar pelos meus sonhos e vontades próprias!

Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?

Tenho tantos projetos “guardados” na gaveta das minhas ideias! Entre livros, aplicações e serviços, todos estão no entanto relacionados com comunicação e trabalho com propósito. Gostaria de lançar projetos que mostrem às pessoas que elas podem ser e trabalhar no que elas quiserem e que, também, as ensine a comunicar e serem melhores comunicadores com pessoas diferentes delas.

Arquivado em: Entrevistas

Sobre o autor

José Nunes (@nunescnt) é doutor em direito pela Universidade de Brasília.

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