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Como trabalha Hayim Makabee

8 de abril de 2017 by José Nunes

Hayim Makabee é brasileiro e vive em Israel há mais de 25 anos, onde atua como CEO da KashKlik.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?

O meu dia de trabalho começa por volta das 8 da manhã, logo depois que “entrego” minha filha na porta da escola. Abro meu laptop, reviso meus compromissos (no Google Calendar), verifico minha lista de tarefas pendentes, checo meu e-mail e faço o primeiro contato com meus parceiros na KashKlik (usando WhatsApp).

Todo dia de manhã eu tento visualizar como vai ser o resto do meu dia, pensando de forma positiva e energizante. Mas sou realista e faço planos sabendo que durante o dia os meus planos provavelmente vão mudar.

Como você administra o seu tempo? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?

O meu segredo para meu tempo render mais é delegar tarefas e trabalhar em equipe. Na KashKlik nós somos 3 sócios, cada um com sua especialidade e com uma área bem definida de autoridade e responsabilidade. Estamos sempre em contato quando necessário, mas ao mesmo tempo sabemos cada um fazer o máximo de progresso em sua respectiva área sem “incomodar” os outros. Isto exige muita confiança e também a capacidade de abrir mão de participar diretamente na tomada de todas as decisões.

Eu sempre estou envolvido em diversos projetos simultaneamente, não consigo ficar parado. Acho que, se você tem uma boa ideia, nunca deve jogá-la fora. Se a ideia for boa de verdade, você vai encontrar parceiros para desenvolvê-la com você.

Como é sua relação com a tecnologia? O e-mail tem interrompido sua vida produtiva? Que ferramentas você usa para se manter organizado?

Eu passo a maior parte do meu dia em frente à tela do computador e utilizo uma grande diversidade de ferramentas, incluindo ambientes de desenvolvimento de software para diversas linguagens de programação. Em geral prefiro as ferramentas mais simples e que são adotadas pela maioria dos profissionais. A maior parte do conteúdo que eu produzo (textos, planilhas ou programas) fica armazenada “na nuvem”, o que me permite cooperar de forma efetiva e imediata com os meus parceiros na KashKlik.

O e-mail é essencial para o meu trabalho e envio dezenas de mensagens por dia. Tenho várias contas de e-mail com objetivos diferentes, algumas são pessoais, outras são de negócios. Em algumas eu recebo muitas notificações que não exigem resposta, em outras eu respondo a maioria das mensagens. Checo o e-mail com muita frequência, mas se estou concentrado em alguma tarefa importante posso ficar horas sem checar.

Como costuma ser o seu local de trabalho? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para trabalhar?

Eu sou capaz de me adaptar a diversos locais e ambientes de trabalho. Já trabalhei muitas vezes em restaurantes e bibliotecas públicas. Durante anos eu fui muito produtivo trabalhando nos ambientes “open-space” típicos das empresas startup. Obviamente prefiro ter silêncio e privacidade, mas tenho uma grande capacidade de concentração que desenvolvi na adolescência, quando participava de campeonatos de xadrez.

De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?

Acredito que a criatividade é resultado da associação de ideias provenientes de muitas origens. Assim eu procuro sempre me expor a novas fontes de informação, novos conceitos, novas experiências. Leio livros sobre diversos assuntos, leio muitos artigos e blogs na Internet, assisto vídeos de palestras no YouTube, participo com frequência de conferências, vou a muitos eventos fazer networking. Sou curioso e gosto de conversar com profissionais que atuam em áreas diferentes da minha.

Como você lida com bloqueios criativos, como o perfeccionismo, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?

Para mim o principal bloqueio criativo é o cansaço e a falta de energia. Para isso procuro sempre dormir o suficiente, me alimentar bem, guardar tempo para me divertir, ver amigos e estar junto da minha família. Não me forço a trabalhar quando me sinto indisposto, e não me culpo por estar “perdendo tempo quando poderia estar fazendo algo produtivo”. Sei que o meu valor profissional está principalmente na minha capacidade de tomar boas decisões, e não na quantidade de horas que trabalho.

Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? Que conselhos sobre produtividade não funcionaram para você?

Uma pessoa que está realmente entusiasmada com o que faz não precisa de nenhuma “técnica para lidar com a procrastinação”. Se alguém adia a execução de uma tarefa é porque não está apaixonado pelo seu trabalho. Preparar-se para executar também faz parte da execução, assim às vezes eu adio uma tomada de decisão porque ainda me faltam dados ou porque não compreendo todas as implicações.

Não sigo conselhos de fazer menos atividades em paralelo e me concentrar em um pequeno número de tarefas. Isto não está de acordo com a minha natureza, mas talvez seja o mais correto para outras pessoas.

Qual é o livro que mais mudou a sua vida e por quê? O que você considera inspirador ler ou aprender sem que lhe peçam ou esperem isso de você?

Um dos livros que mais me influenciou profissionalmente foi “O Gerente Eficaz”, de Peter Drucker, que li quando era estudante na UFRJ. Desde então percebo que muitas pessoas desperdiçam seu potencial se esforçando em serem eficientes (executando suas tarefas corretamente) ao invés de serem eficazes (decidindo qual a coisa certa  a ser feita).

Nos últimos anos tenho lido muito sobre temas que não estão diretamente relacionados a minha especialização profissional, incluindo Psicologia e Economia Comportamental. Considero inspiradoras as obras de Dan Ariely e de Daniel Kahneman.

Que conselho você queria ter ouvido aos vinte anos? Com o que você sabe hoje, se tivesse que começar novamente, o que você faria de diferente?

Acho que os jovens precisam saber que a vida traz inúmeras oportunidades, e que não é preciso se precipitar correndo riscos desnecessários quando surge aquela “oportunidade única”. O mais difícil é estar preparado para aproveitar cada oportunidade, e este preparo exige tempo e esforço. Muitas pessoas têm excelentes ideias, mas não são capazes de executá-las por falta de preparo.

Se pudesse, mudaria as diversas vezes em que tentei desenvolver projetos sozinho, motivado pela ilusão de que não precisava de ajuda. Hoje compreendo que é melhor ter 25% de um negócio com chance de 10% de dar certo, do que ser dono de 100% de um empreendimento que tem chance de apenas 1% de dar certo.

Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?

Gostaria de desenvolver um projeto que permitisse aos aposentados usar melhor seu tempo livre, explorando a sua valiosa experiência para aconselhar os mais jovens. Acho terrível ver tantas pessoas idosas que não tem como compartilhar sua sabedoria, ao mesmo tempo que muitos jovens não têm acesso a um bom mentor.

O livro que gostaria de ler é também o que gostaria de escrever. Desde 2010 eu mantenho um blog onde publico artigos sobre Software Design e dicas para trabalhar de forma mais eficaz. Pretendo no futuro selecionar os melhores artigos e transformá-los em livro. Eu escrevi meu primeiro livro aos 20 anos de idade, quando ainda era estudante na UFRJ. Foi um livro técnico sobre Programação Orientada a Objeto, publicado em 1992.

Arquivado em: Entrevistas

Sobre o autor

José Nunes (@nunescnt) é doutor em direito pela Universidade de Brasília.

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