Eduardo Amuri é consultor financeiro e gestor do lugar.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Eu acordo todo dia no mesmo horário, junto com a minha namorada. Isso me ajudou muito, ter uma companheira, porque eu dependia só dos meus horários e, como minha agenda é muito flexível, eu acordava em horários bagunçados e a minha manhã já começava perdida. Eu acordo todo dia por volta das 7h15-7h30, desço, faço café pra nós dois, tomamos café juntos. Ela vai trabalhar e eu vou fazer as minhas coisas. Como eu tomo um café reforçado, só vou parar pra comer de novo entre meio dia e uma hora. Então eu tenho três horinhas bem produtivas de manhã.
Como você administra o seu tempo? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
Não é nem que eu prefira ou não, eu tenho vários projetos sempre acontecendo ao mesmo tempo. Eu gerencio duas empresas: a minha consultoria e o lugar. Então necessariamente eu estou sempre tocando as duas. Eu divido: segunda, quarta e sexta eu dedico exclusivamente às consultorias. Terça e quinta eu dou preferência pro lugar. Eu divido o meu tempo porque essa transição de foco é muito custosa pra mim, e eu tento não fazê-la. O dia que é consultoria, é consultoria. O dia que é mais livre pro lugar, é mais livre pro lugar.
Como é sua relação com a tecnologia? O e-mail tem interrompido sua vida produtiva? Que ferramentas você usa para se manter organizado?
Eu sou bem old school com isso. Eu gosto muito de tecnologia, mas por muito tempo eu fui escravo de aplicativos de produtividade, que não me ajudaram tanto assim. Quando estou focado em alguma tarefa eu desligo o e-mail e não olho pra ele. Mas em geral, durante o dia, eu estou com o push do e-mail ligado, especialmente o da consultoria. Então eu estou sempre acompanhando. Interrompe sim a vida, mas nos momentos em que eu preciso de muito foco pra escrever uma proposta, por exemplo, eu deixo ele desligado.
Como costuma ser o seu local de trabalho? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para trabalhar?
Eu tenho um escritório no fundo da minha casa, onde eu atendo clientes e passo o dia, quando não estou visitando clientes. Ter esse espaço pra trabalhar é muito precioso. Eu já morei em apartamento muito pequeno. Trabalhava, dormia e jantava no mesmo lugar e isso me bagunçava muito. Agora eu sei que quando estou no escritório eu estou trabalhando, e quando estou em casa, que fica a quinze passos de lá, estou em casa, à vontade.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Eu convivo com muitos clientes. Atendo em média 20 clientes simultaneamente, então acabo acompanhando a vida dessas pessoas. Muitas ideias para textos, vídeos e conteúdos em geral vêm daí. Eu leio bastante, acompanho algumas newsletters, estou muito em contato com o pessoal do Papo de Homem, que trabalham com criatividade o tempo inteiro, então sempre pipoca alguma coisa legal. Eu conto com uma rede interessante. São pessoas que me acompanham nas redes sociais e em alguns lugares e sempre que elas veem algum material legal sobre finanças elas me encaminham. Então a presença dessa rede com certeza me mantém mais criativo.
Como você lida com bloqueios criativos, como o perfeccionismo, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Pra mim o maior incentivo criativo é o prazo. Se eu tenho um prazo eu vou dar um jeito de escrever e de fazer a coisa sair. Dificilmente eu tenho um bloqueio criativo que me segura. Eu tenho preguiça, às vezes, mas isso não é bem um bloqueio criativo.
Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? Que conselhos sobre produtividade não funcionaram para você?
Sim, desenvolvi algumas técnicas. Acho que a principal delas é ter duas ou três atividades principais do dia. Eu foco nessas tarefas. O pessoal chama de MIT (Most Important Task). Se eu mato essas tarefas, eu considero que meu dia foi bom, então eu começo por elas. Costumo usar pomodoro, o que me ajuda muito. Já consumi muito conteúdo sobre produtividade, mas a maioria não funciona pra mim. O único conselho que eu consegui incorporar bem foi esse da principal tarefa do dia.
Qual é o livro que mais mudou a sua vida e por quê? O que você considera inspirador ler ou aprender sem que lhe peçam ou esperem isso de você?
Eu gosto muito de ler sobre produtividade, é um viciozinho que eu tenho. Acho até que sou menos produtivo por causa disso. Acho que o livro em que eu mais me apoiei pra montar meu projeto de consultoria foi o Rápido e devagar: duas formas de pensar, de Daniel Kahneman. Um livro que valeu a pena investir um bom tempo estudando. É um livrão, a pesquisa da vida do autor está lá. Eu me dediquei bastante a ele, acho que foi o livro que mais me impactou. Eu leio algumas pessoas que escrevem sobre minimalismo também. Embora eu esteja longe de ser um adepto, eu tiro muita coisa importante de lá.
Que conselho você queria ter ouvido aos vinte anos? Com o que você sabe hoje, se tivesse que começar novamente, o que você faria de diferente?
Eu começaria antes. Com a experiência que eu tive, percebi que poderia ter começado antes, dado as caras antes. Não que eu tenha começado tarde, mas eu poderia ter me arriscado mais antes. Um conselho que eu queria ter ouvido é: invista cada vez mais na construção de boas relações. Eu acho que é isso que move o meu trabalho, isso que me faz ter clientes, isso que faz projetos aparecerem, propostas de palestras. É estar sempre muito aberto a boas relações, sempre estar disposto a oferecer um pouquinho do meu trabalho e ter uma clareza muito grande de que eu estou fazendo um trabalho benéfico. Isso me deixa com a consciência muito tranquila pra divulgar o meu trabalho por aí ou pra oferecer nos cantos em que eu acho que ele vai ser útil.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu gostaria de fazer um projeto focado em educação financeira para pessoas de baixa renda. Deve acontecer nos próximos anos. Um livro que ainda não existe? Difícil essa. Eu acho que gostaria de ler um livro sobre finanças para autônomos e acho que o que tem no mercado é muito ruim. Então eu adoraria escrever esse livro, quem sabe nos próximos tempos possa sair alguma coisa.