Delza Carvalho é designer organizacional, Founder na Re.org Inova e escritora.

Como você começa o seu dia? Você tem algum ritual de preparação para o trabalho?
Geralmente aproveito as primeiras horas do dia para atualizar e responder mensagens pelo celular (pelo whatsapp principalmente). Não tenho uma rotina específica para começar o dia, tudo depende do fluxo de trabalhos e compromissos. Mas dedico as manhãs para cuidar do meu filho de 6 anos e aproveito para incluir algumas atividades físicas, como um caminhada, por exemplo. Preparo minhas refeições também em casa, então nesse horário busco equilibrar minha rotina em casa com meu trabalho.
Como você organiza sua semana de trabalho? Que ferramentas você usa para se manter organizada?
Eu procuro organizar minha semana com alguma antecedência, priorizando os compromissos agendados e deixando alguns dias livres para estar em home office, que é quando consigo produzir meus conteúdos (textos, palestras, etc). Sempre deixo também alguns dias livres para compromissos eventuais ou convites de última hora. Meu trabalho não me exige uma rotina rígida de horários, então consigo ter um equilíbrio. Muitas vezes me sinto produtiva em horários pouco comuns, como à noite, por exemplo, que é onde tenho tranquilidade para escrever, colocar tarefas em dia.
Como costuma ser o seu local de trabalho? E o que muda na sua rotina quando você viaja?
Eu trabalho de várias formas e em diversos lugares. Quando não estou em atividades externas, que demandam planejamento e horários, eu posso fazer o meu trabalho de qualquer local. Às vezes aproveito uma saída de casa, para sentar em algum café e trabalhar. às vezes, um simples happy hour com amigos, pode ser um momento para iniciar um projeto, fechar uma parceria. Pra mim, cada vez mais vida, lazer e trabalho andam juntos. Em casa, trabalho em qualquer lugar que tenha uma boa circulação de ar ou que eu possa avistar o céu e uma boa música, que é algo que me inspira muito.
Como você se organiza ao dar início a um novo projeto? Você planeja tudo antes ou apenas deixa fluir?
Eu sempre deixo levar pelo fluxo. Não sou uma pessoa de planejar muito. Já fui. Mas hoje eu deixo as coisas fluirem, sem a necessidade de controlar tudo. Hoje eu trabalho com times auto geridos, então aprendi a confiar, a não ficar cobrando. Quando temos um projeto, se for eu a gestora (as lideranças são rotativas), eu procuro engajar o grupo desde a fase inicial do briefing, em seguida do diagnóstico, para que todos tenham conhecimento das necessidades do cliente. Como gestora, eu procuro gerenciar as tarefas seguintes de acordo com os deadlines e também de acordo com conversas com o cliente, vou fazendo os ajustes necessários com o time.
Quais são seus maiores ladrões de tempo e como você lida com eles?
Acredito que os maiores ladrões de tempo são as redes sociais que nos levam algumas vezes à procrastinação. Eu procuro, quando estou envolvida em alguma atividade, a não checar mensagens ou redes sociais, pois sempre haverá algo pra te distrair.
Como você lida com bloqueios criativos como o perfeccionismo, a ansiedade e o medo de não corresponder às expectativas?
Eu não sou uma pessoa perfeccionista. Aprendi ao longo de alguns anos a não me cobrar tanto, nem tampouco colocar expectativas demais no outro. Pois é isso que gera ansiedade e posterior frustração. Eu confio e deixo fluir. Se algo sair errado, serve de aprendizado. Sobre corresponder à expectativa, se for do cliente, eu procuro escutá lo muito. Por isso dou tanta importância à fase do diagnóstico onde temos a chance de nos conhecermos melhor: ele a mim ( ou ao meu time) e nós a ele. Importante saber o cliente espera, qual ponto ele quer chegar na consultoria. E para isso utilizamos de algumas ferramentas, como o mapa mental, por exemplo. Mas a escuta ainda é melhor que qualquer framework.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Eu acho que a criatividade é algo que pode emergir em momentos menos esperados. às vezes me ‘vejo criativa’ nos momentos de ócio, como enquanto caminho ou até mesmo alguns lampejos de criatividade no meio de uma noite quando perco o sono. Nessas horas, gosto de anotar o que me vem, para depois explorar melhor.
Que livro você mais tem recomendado para outras pessoas? O que você considera inspirador ler ou aprender sem que lhe peçam ou esperem isso de você?
Eu acho que as pessoas hoje estão numa busca incessante por informações e conhecimento. E isso tem sido motivo de ansiedade, pois quem não consegue acompanhar, se sente mal por não estar ‘aprendendo’. Todo mundo tem sua “listinha” de livros, vídeos ou documentários pra indicar. Eu adoro receber recomendações, me atualizar. Mas hoje eu acredito que podemos aprender de outras formas. De forma mais livre, sem ser necessariamente através de conteúdos como livros ou dentro de uma sala de aula. Meus maiores aprendizados vieram das minhas experiências, e aqui eu incluo também meus erros ou desacertos. Acredito também numa boa conversa, numa cafezinho despretensioso, já tive verdadeiras aulas que me valeram muito mais que um livro. Estamos acostumados com as pessoas nos dizendo o que devemos aprender. Sempre foi assim. E com isso não nos permitimos que o aprendizado possa vir de outras fontes.
Que conselho você queria ter ouvido no início de sua carreira? Com o que sabe hoje, se tivesse que começar novamente, o que você faria diferente?
Minha história recente tem sido de recomeços e reconstrução. E os aprendizados vem disso. É nisso que tenho me ancorado para ter fé e forças para seguir adiante. Tive que atravessar alguns abismos (inclusive profissional) para me redescobrir. E se eu pudesse dar um conselho, eu diria pras pessoas que passam por situações desafiadoras como eu passei, e que envolveu a quebra do meu negócio junto com meu marido ( que era e ainda é meu sócio na vida e nos negócios), é que viva o ‘luto’ da perda (seja de um negócio, de um fim de um ciclo de trabalho), seja amorosa com você mesma, se perdoe, se acolha, mas saia do vitimismo e faça disso um trampolim para o protagonismo: na vida e na carreira.
O que você talvez faria se não tivesse seguido sua carreira atual? Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou?
Muita gente me fala que devo escrever um livro, contando sobre minhas experiências de vida. Mas sinto que ainda não está nos meus planos. Apesar da escrita ter se tornado uma grande ferramenta de auto conhecimento para mim, eu acho que existem histórias muito inspiradoras por aí. Mas eu gostaria muito de, alguma forma, trabalhar com a escrita na sua forma mais pura. Sem interesses comerciais, simplesmente pelo prazer de escrever e ajudar pessoas em seus processos de cura interior.