Caio Dib é fundador do Caindo no Brasil.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Não tenho muita rotina (apesar de ver cada vez mais a importância em definir uma), mas geralmente checo minhas notificações no celular, tomo banho e logo começo a trabalhar.
Como você administra o seu tempo? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
Sempre trabalho com múltiplos projetos acontecendo ao mesmo tempo. Uso uma tabela de produtividade para organizar as diversas tarefas da semana. Geralmente faço essa organização na sexta-feira para entender como vai ser a semana seguinte e quais compromissos posso incluir ou retirar. Tenho uma característica de ser bastante focado, então geralmente trabalho entre 50-70 horas na semana e consigo entregar os 100% das tarefas prometidas. Também aproveito os momentos de locomoção para responder e-mails, que tomam bastante tempo.
Como é sua relação com a tecnologia? O e-mail tem interrompido sua vida produtiva? Que ferramentas você usa para se manter organizado?
Uso bastante a tecnologia e estou sempre presente nas principais redes sociais. Como disse, aproveito os trajetos para responder minhas mensagens. Mesmo assim, sinto que é um tempo bem grande usado durante a semana para uma tarefa. Alguns e-mails (como o de boas-vindas à newsletter do Caindo no Brasil) são automatizados, mas estou buscando alternativas para otimizar essa tarefa.
A principal ferramenta para me organizar é minha timesheet:
Como costuma ser o seu local de trabalho? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para trabalhar?
O Caindo no Brasil começou com uma viagem de ônibus pelo país para conhecer as realidades brasileiras, justamente porque ficamos muito presos nos nossos escritórios e não conseguimos conhecer melhor a realidade que gostaríamos de impactar. Por isso, tenho um escritório fixo.
Geralmente, segundas, terças e sextas são dias com menos reuniões e mais produção. Então ou uso um café ou coworking de amigos ou até mesmo trabalho de casa. Quarta e quinta são dias mais agitados, nos quais concentro a maior parte dos encontros em cafés ou espaços das pessoas que vão me receber.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Minhas principais ideias vêm desses encontros que faço. Enquanto estou andando pela cidade ou conversando com pessoas com realidades diversas, começo a entender melhor as necessidades do ecossistema de educação para criar novos projetos e melhorar os que já existem. Geralmente, faço entre dois e quatro cafés por semana com desconhecidos apenas para conversar e nos conhecermos melhor e estou em constante contato com pessoas que atuam em áreas diferentes dentro da educação. Acredito que é meu segredo é ter o radar sempre ligado.
Como você lida com bloqueios criativos, como o perfeccionismo, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Bloqueios criativos não são meu maior desafio. Acredito que minha maior preocupação hoje é como levar tantas ideias de projetos para o mundo de maneira sustentável e realmente potente. Também sempre estou aberto para feedbacks positivos e negativos, compartilho muito as ideias com o maior número de pessoas de maneira formal (entrevistas pré-lançamento) e informal (nos cafés e reuniões) para buscar melhorias na iniciativa. Acredito que o planejamento é importante, mas o projeto vai sendo aperfeiçoado enquanto roda.
Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? Que conselhos sobre produtividade não funcionaram para você?
A timesheet que uso é ótima para não procrastinar, uma vez que eu tenho o desafio de acabar a semana com 100% das tarefas realizadas. Acredito que cada um tem uma maneira de lidar com isso. O que me ajuda muito é elencar as tarefas prioritárias para não me perder respondendo e-mails ou outras tarefas menos importantes.
Qual é o livro que mais mudou a sua vida e por quê? O que você considera inspirador ler ou aprender sem que lhe peçam ou esperem isso de você?
O livro que mais mudou minha vida foi o Caindo no Brasil: uma viagem pela diversidade da educação, que eu escrevi e publiquei contando sobre as principais iniciativas educacionais que conheci durante a viagem pelo Brasil. Com ele, além de aprender muito, pude ter a oportunidade de conhecer pessoas incríveis e estar em lugares muito legais. Como leitor, tenho vários livros de educação que adoro, mas uma obra que sempre releio é Da Poeta ao Inevitável, da minha amiga Maria Giulia Pinheiro.
Que conselho você queria ter ouvido aos vinte anos? Com o que você sabe hoje, se tivesse que começar novamente, o que você faria de diferente?
Não faz muito tempo que tive vinte anos, mas acredito que cresci muito nesses seis anos. Acredito que eu me aconselharia a manter essa inquietude para realizar coisas que transformam a sociedade, manter o jeito como trato as pessoas, mas buscar trabalhar de uma maneira mais “oficializada”. Sempre me animei muito com os projetos e deixava burocracias e planejamentos de lado. Hoje vejo a importância dessas coisas para termos projetos mais potentes
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Estava num evento no último sábado. Nele, a Julia, de 11 anos, me fez exatamente essa pergunta sobre os projetos. Gostaria muito de fazer uma viagem de exploração de iniciativas positivas na educação brasileira nas regiões Norte e Centro-Oeste, que ainda não contam com tantas práticas mapeadas. Também gostaria de escrever um livro mapeando ferramentas práticas que já são usadas em escolas brasileiras e ajudam professores a “saírem da caixinha” da educação conteudista que conhecemos.