Bernardo Borges é instrutor de mindfulness, mas já trabalhou com design, fotografia e infografia.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Meu dia começa com paternidade. Cuido dos meus filhos de manhã, até as 11h, quando levo-os para a escola. Depois disso trabalho até as 18h (com horário de almoço), quando preciso buscá-los na escola novamente. Muitas vezes trabalho também após as 22h, quando eles já estão dormindo.
Como você administra o seu tempo? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
É um desafio ser dono do seu tempo, te traz autonomia, te exige mais foco, colocar um objetivo para as tarefas planejadas ajuda. Eu prefiro ter um projeto de cada vez, mas isso é muito raro. O mais comum é ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo. O que busco é criar minha própria agenda ao invés de deixar que as demandas criem a minha agenda.
Como é sua relação com a tecnologia? O e-mail tem interrompido sua vida produtiva? Que ferramentas você usa para se manter organizado?
Acho que uso pouco a tecnologia pra isso. Poderia utilizá-la mais. Prefiro ditar a agenda do dia do que ser abduzido pela demanda que chega. Em outras palavras, prefiro fazer o trabalho criativo primeiro e o administrativo, como responder e-mails, mais pro fim do dia. Uso despertadores, agendas/calendário/lembretes digitais e uma ou outra coisa escrita em post-it, e claro, a memória! (risos)
Como costuma ser o seu local de trabalho? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para trabalhar?
Sim, gosto muito de silêncio e privacidade para trabalhar, principalmente com criação visual isso ajuda muito. Tenho um escritório em casa pra isso. Me concentro melhor dessa forma. Já como instrutor de mindfulness, o silêncio é particularmente importante, mas o local onde dou aulas varia muito. Prefiro manter o local de trabalho limpo e organizado, ajuda a manter a mente dessa forma também.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
De onde nascem nossas ideias? Eu acredito que as ideias não são nossas, elas apenas chegam para nós e nós podemos materializá-las ou não, isso não quer dizer que somos “donos” delas. Pra me manter criativo, busco inspirações, sejam referências visuais, teatrais, musicais ou cinematográficas, fora isso, mantenho uma prática diária de mindfulness, na qual cultivo uma mente aberta e curiosa, isso traz insights e ideias em momentos e em objetos pouco usuais.
Como você lida com bloqueios criativos, como o perfeccionismo, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Já fui mais perfeccionista. Me atrapalhava principalmente no tempo dedicado ao trabalho. Acabava tomando muito tempo de trabalho. Hoje tenho mais noção e respeito pela qualidade de vida, a necessidade do respiro e do descanso. Uma mente descansada é mais criativa e produtiva, então me mantenho atento a essas questões, mas elas sempre estão presentes. Em maior ou menor escala, dependendo do tamanho do projeto ou do cliente e acho que isso é meio natural.
Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? Que conselhos sobre produtividade não funcionaram para você?
Como já mencionei, estipular sua agenda e manter-se fiel a ela é essencial. Sendo mais prático, seria algo como estabelecer tempo para olhar as redes sociais, reservar as primeiras horas da manhã para o lado criativo do trabalho, pois é o momento do dia com mais energia no corpo. E as tarefas mais robóticas, administrativas ou as que você menos gosta pro final do dia, quando o cérebro e o corpo já estão mais cansados. Ah, evito multitarefas, fazer várias coisas ao mesmo tempo é muito anti-produtivo e também enlouquecedor. (risos)
Qual é o livro que mais mudou a sua vida e por quê? O que você considera inspirador ler ou aprender sem que lhe peçam ou esperem isso de você?
O Poder do Agora, do Eckhart Tolle. Por incrível que pareça, o que o Tolle alerta nesse livro, apesar de não ser o foco dele, ajuda muito no trabalho, pois ao se manter no Agora, se manter no presente, você ganha concentração, foco, clareza mental, discernimento, etc, torna-se mais produtivo. Ler sobre espiritualidade e autoconhecimento pra mim é muito inspirador, me mantém em constante mudança, buscando uma melhora e um aperfeiçoamento, traz consciência sobre meus atos.
Que conselho você queria ter ouvido aos vinte anos? Com o que você sabe hoje, se tivesse que começar novamente, o que você faria de diferente?
Não fique tanto tempo em um emprego! Gaste a energia dos vinte anos pra estudar, conhecer, experimentar, saborear mais as coisas e o mundo. Trabalhei dos vinte aos trinta dentro de grandes empresas, no esquema CLT, cumprindo horário, ordens, regras, doando e perdendo meu tempo de vida ajudando mais a empresa do que a mim. É claro que isso não é tão preto no branco assim, existem benefícios por esta escolha, mas hoje não vejo como uma boa escolha.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Vixe! Muitos! Gostaria de fazer a segunda edição do meu livro de fotografias de lugares abandonados, gostaria de lançar o Nossas Bikes, de criar um centro de mindfulness e mais alguns.