Artur Scartazzini atua na área de planejamento e relacionamentos da Shoot The Shit.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Tenho rotina, mas ela muda frequentemente. Nessas últimas duas semanas tenho acordado entre 6h e 6h30 da manhã. Essa hora, pra mim, é algo que meu eu do passado jamais cogitaria. Mas enfim, hoje sou esse cara que acorda às 6h da manhã pra tentar tomar café – nesse processo de tentar se alimentar o melhor possível – e chega no ambiente de trabalho antes das 8h.
Como você administra o seu tempo? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
Aprendi a ter uma boa noção de tempo. Entender quando uma reunião vai demorar ou não. Aprendi a não querer marcar centenas de coisas em um dia só e lotar toda a agenda. Gosto de ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo, traz aquela sensação de coisas novas acontecendo o tempo inteiro, que eu gosto pra caramba e serve como combustível pra continuar tocando todos os projetos adiante. Só que, claro, pra ter tranqüilidade de tocar vários projetos ao mesmo tempo é preciso entender bem que isso vai ocupar horas do seu dia, então é bom pesar se realmente vale a pena se envolver.
Como é sua relação com a tecnologia? O e-mail tem interrompido sua vida produtiva? Que ferramentas você usa para se manter organizado?
Uso e testo ferramentas novas pra tentar otimizar meu tempo. Pessoalmente uso o Google Calendar pra organizar encontros pessoais e profissionais. Basicamente é sobre quem eu vou ver e em qual dia esse momento vai acontecer. Profissionalmente são quatro ferramentas: Asana, pra gerenciar projetos e tarefas do dia a dia. Slack, pra conversas sobre cada projeto e centralizar as informações de cada um. Drive, do Google, pra criar em equipe. Dropbox, pra arquivos de criação e planejamento. O e-mail não tem interrompido minha vida. Sempre lidei bem com ele. Leio e-mail durante o dia todo, mas normalmente respondo e-mails de manhã, preferencialmente.
Como costuma ser o seu local de trabalho? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para trabalhar?
Eu trabalho no Cartel 331, aqui em Porto Alegre. É uma casa colaborativa. Três empresas de comunicação dividem o espaço. Nós da Shoot The Shit, a Sopa Digital e a Smile Flame. Silêncio é uma palavra estranha nesse espaço. É um lugar de bastante interação, então aprendi a trabalhar com música. Às vezes trabalho de casa em assuntos mais individuais, mas não sinto que o ambiente silencioso faça muita diferença pra mim. Gosto de risada alta.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Da prática. Da conversa com pessoas. Da troca diária de conhecimento com pessoas que estão procurando a mesma coisa. E sobre hábitos pra se manter criativo, tenho um que quero externar há algum tempo. É sobre falar bobagem. Basicamente o que eu faço, diariamente, com um grupo de amigos que pratica o mesmo processo, é falar bobagem. Sabe aquela bobagem que você fala, aquela frase que ninguém tinha dito porque ela não tem razão de existir. Exemplos de bobagens ditas: Quem venceria uma luta, um urso grande e muito brabo ou cem homens? Quantas pessoas precisam gritar pra de fato matar um cachorro à grito? Sinto que normalmente, em um grupo normal de pessoas, elas até acham engraçado, mas morre aí. Esse grupo de amigos dá um jeito de continuar a bobagem, construir em cima de algo que não faz o menor sentido. E por vezes, quando alguém se dá conta, já faz mais de cinco minutos que existe uma história inteira que nunca precisaria existir. Além de ser engraçado, é um hábito que me mantém criativo e que todos deveriam exercitar. Falem mais bobagem!
Como você lida com bloqueios criativos, como o perfeccionismo, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Eles acontecem. São aquelas verdades que você tem que aceitar. Vai rolar a dúvida sobre a hora certa de fazer qualquer coisa, mas o melhor a fazer nesse caso é fazer. Minhas expectativas são baixas, não acho que tudo que toco deve agradar ou gerar impacto em milhões de pessoas. Minha definição de sucesso natural é impactar a vida de uma pessoa. Se passar disso já valeu a pena. E os projetos longos me atraem mais pela quantidade de processos que existe pra manter ele vivo. Acho irado pensar em quantas coisas precisam ser feitas pra que algo bem maior aconteça. Enxergar essas micro tarefas de um projeto grande é algo que ajuda a superar o medo e a ansiedade. Saiba o que tem que fazer e comece a fazer, uma por uma.
Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? Que conselhos sobre produtividade não funcionaram para você?
Procrastinar é sinônimo de bad work, ao menos pra mim. Aquele trabalho que você não quer fazer, mas tem que fazer. E minha técnica pra resolver o bad work é colocá-lo pra acontecer em um período bem determinado de todos os dias. No meu caso, antes do meio dia tento terminar tudo que possa ser procrastinado.
Qual é o livro que mais mudou a sua vida e por quê? O que você considera inspirador ler ou aprender sem que lhe peçam ou esperem isso de você?
É difícil encontrar um livro que mudou a minha vida, não acredito que isso tenha acontecido alguma vez. Gostei de todos livros de comunicação que li, seja pra avaliar como o mercado funcionava antigamente ou como pretende funcionar daqui pra frente. Gosto de livros práticos, livros que inspiram e auxiliam quem tá afim de fazer as coisas acontecerem. Indico o Projetos Paralelos, do Luciano Braga e o 333 páginas para tirar seu projeto do papel, também do Luciano Braga junto com Gabriel Gomes e Daniel Larusso.
Que conselho você queria ter ouvido aos vinte anos? Com o que você sabe hoje, se tivesse que começar novamente, o que você faria de diferente?
Difícil pensar isso. Não carrego arrependimentos de coisas que deveria ter feito diferente. Acho que apenas diria pra seguir sua intuição, se divertir pra caramba e seguir focado no que mais ama fazer.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Gostaria de fazer parte de algum projeto ligado ao desenvolvimento do Brasil. Não li e não imagino como isso aconteceria, mas parece que seria um desafio mega interessante nos dias de hoje. Gostaria de ler mais sobre o impacto social ligado à indústria da comunicação especificamente.