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Como trabalha André Zimmermann

17 de abril de 2017 by José Nunes

André Zimmermann é fundador da NetCos.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?

Há alguns anos comecei a tomar um suco verde todos os dias de manhã, seguido de um bom café da manhã. Depois disso dou uma primeira repassada nos e-mails pelo celular e aproveito para ler as notícias que, ultimamente, tenho feito através da newsletter do Canal Meio, que faz uma boa curadoria das notícias e coloca links para as fontes originais. Em alguns dias por semana faço Pilates, em outros natação, mas sempre busco ter alguma atividade física no meu dia.

Como você administra o seu tempo? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?

Em 2013 eu pedi demissão da empresa multinacional na qual trabalhei por 12 anos e, desde então, me dedico ao empreendedorismo, ajudando empresas de fora do Brasil a entrar no nosso mercado e também abrindo negócios novos por aqui. Hoje sou sócio de seis empresas diferentes, todas no universo da comunicação digital e, por conta disso, sempre tenho vários projetos acontecendo ao mesmo tempo. Eu gosto dessa dinâmica variada de projetos porque ela me ajuda a ter uma visão mais ampla da indústria na qual atuo e também me ajuda a entender que os eventuais problemas que surgem no dia a dia são comuns a todas as empresas e não significam o fim do mundo. Sinto que tenho maior capacidade de abstração para resolvê-los e muitas vezes já conheço o caminho para a resolução em função de experiências anteriores vividas.

Como é sua relação com a tecnologia? O e-mail tem interrompido sua vida produtiva? Que ferramentas você usa para se manter organizado?

A tecnologia me ajuda na minha mobilidade. Viajo muito e não só a trabalho e o acesso remoto ao e-mail e ao WhatsApp, principais ferramentas de trabalho que utilizo, me permite desfrutar das viagens sem me preocupar em deixar os negócios abandonados. Para muitas pessoas, estar conectado constantemente não permite que elas relaxem e vivam a vida. Para mim é o contrário. Prefiro saber o que está acontecendo, agir quando necessário, mas não permito que isso me prive do meu tempo livre e de desfrutar a vida.

Como costuma ser o seu local de trabalho? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para trabalhar?

Quando estou em São Paulo, trabalho 70% do tempo em casa. Geralmente fico no escritório na minha casa, concentrado e em silêncio. Quando estou fora de casa, em trânsito ou viajando, consigo trabalhar de qualquer lugar, tendo uma boa conexão à internet.

De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?

Uma vez fiz um curso sobre gestão de ideias e aprendi algumas técnicas simples que costumo aplicar até hoje. Uma delas é não ficar se torturando na busca de uma ideia ou solução e sim deixar que ao longo do dia ela apareça naturalmente. Muitas vezes a ideia surge quando estou tomando banho ou dando uma caminhada. Outra coisa que faço bastante é conversar com pessoas próximas, como minha esposa, sobre o assunto. Muitas vezes surgem insights quando você conta no que está trabalhando para outra pessoa. O simples fato de falar sobre o assunto te ajuda a encontrar respostas. E muitas vezes a visão de alguém de fora contribui para este processo.

Como você lida com bloqueios criativos, como o perfeccionismo, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?

No meu caso, o maior problema é a ansiedade. Busco trabalhar isso de diversas formas, por exemplo através da meditação. É um exercício diário e não é fácil. Exige disciplina e força de vontade, mas os resultados são recompensadores.

Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? Que conselhos sobre produtividade não funcionaram para você?

Faço a coisa mais simples do mundo, que é listar meus afazeres numa folha de papel ou mesmo no celular e, cada vez que resolvo um, o risco ou tiro da lista. A sensação de ir tirando as coisas da frente é ótima e, por isso, resolvo primeiro as que são mais simples e rápidas, para que eu tenha menos coisas na minha lista e, depois, me foco com toda a atenção nos mais complicados. Costumo terminar a semana com as coisas às quais eu me propus resolver terminadas.

Qual é o livro que mais mudou a sua vida e por quê? O que você considera inspirador ler ou aprender sem que lhe peçam ou esperem isso de você?

Leio muito e desde pequeno. O exercício da leitura me relaxa e dá prazer. Já li muitos livros de trabalho, mas cada vez leio mais romances. Contudo, teve um livro que não é nem de trabalho e nem um romance, que me ajudou muito numa fase da minha vida. Em 2013 descobri, aos 34 anos, que estava com pressão alta (bem alta) e com colesterol alto. O sintoma claro era stress. Eu estava fazendo tudo errado, trabalhando 14 horas por dia, dormindo pouco, comendo mal e fazendo pouco exercício físico. Neste momento ganhei de um amigo o livro do Nuno Cobra, chamado “A Semente da Vitória”, que te ensina a ter uma vida mais saudável e a cuidar do que temos de mais precioso, que é a nossa saúde. Foi um momento de virada de mesa na minha vida. Pedi demissão, mudei meus hábitos alimentares radicalmente, comecei a dormir muito mais e melhor e a praticar exercícios físicos com maior regularidade. Emagreci 15 quilos, controlei o meu colesterol sem remédio (para a pressão alta não teve jeito e tomo remédio até hoje) e criei uma nova forma de trabalho, com muito menos horas no escritório e mais horas em casa. O livro do Nuno Cobra foi muito importante neste processo e me deu dicas práticas que aplico até hoje.

Que conselho você queria ter ouvido aos vinte anos? Com o que você sabe hoje, se tivesse que começar novamente, o que você faria de diferente?

Eu não faria nada diferente. Acho que tudo acontece no seu tempo e por alguma razão. Não adianta querer mudar decisões do passado com as informações que você tem hoje e não tinha naquela época. Uma das coisas que fui aprendendo ao longo da vida foi a de relativizar tudo que nos acontece. Quando colocamos um problema pontual numa perspectiva de longo prazo, quando o comparamos com problemas maiores já enfrentados e resolvidos anteriormente ou mesmo com problemas realmente graves vividos por outras pessoas, isso nos ajuda a não nos desesperarmos e a entendermos que tudo faz parte do ciclo da vida, que é uma grande montanha russa, com altos e baixos constantes. Devemos desfrutar e celebrar as nossas vitórias e usar os momentos difíceis como contraponto para valorizar ainda mais todas as coisas boas que acontecem na nossa vida.

Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?

Tenho um sonho de fazer uma viagem de volta ao mundo. Já viajei muito e para todos os continentes, mas queria fazer uma viagem de um ano, me permitindo passar mais tempo em cada lugar. Pensava que faria a viagem sozinho e não a fiz. Me casei há 13 anos e passei a pensar que faria a viagem somente com a minha esposa e não a fiz. Agora, serei pai este ano e tenho certeza que farei a viagem com minha esposa e meu filho no momento certo. Estava faltando ele para fazê-la conosco.

Arquivado em: Entrevistas

Sobre o autor

José Nunes (@nunescnt) é doutor em direito pela Universidade de Brasília.

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