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Como trabalha André Tamura

28 de janeiro de 2019 by José Nunes

André Tamura é co-fundador e diretor da WeGov.

Como você começa o seu dia? Você tem algum ritual de preparação para o trabalho?

Eu e a minha esposa somos sócios e temos uma filha de 2 anos, portanto ter uma rotina organizada é fundamental. Moramos em Florianópolis e conseguimos nos preparar juntos para começar o dia na empresa. Acordo entre 6h30 e 7h, leio durante 15min, respiro um pouco e eventualmente faço uma corrida / caminhada, enquanto “as meninas” estão acordando. Tomamos café da manhã juntos. Eu normalmente como um ovo cozido, bebo suco e café puro. Deixamos nossa filha na creche e dirigimos até a empresa, o trajeto é longo (vamos mudar para perto, em março), mas agradável. Aproveitamos para conversar sobre a WeGov e definir algumas coisas que estão acontecendo. Sento para trabalhar perto das 9h30. É um ritual incorporado, e quando essas etapas acontecem calmamente, o dia fica muito melhor. Em 2019, a creche da minha filha ainda não retomou as atividades, então não é exatamente assim que tenho iniciado os dias…

Como você organiza sua semana de trabalho? Que ferramentas você usa para se manter organizado?

Uso alguns aplicativos para ajudar, pois minha mente é muito digressiva. São eles: Things, para tarefas e links de úteis; Ulysses, para escrita; DayOne, para diário e; RescueTime, para monitorar atividades. Além disso, acabo cuidando também de parte da organização da semana de trabalho da equipe. Para isso, usamos o Basecamp.

Aos domingos, costumo reservar um tempo para deixar os e-mails zerados. Olho para a agenda da semana para ter a percepção geral. Tenho um Moleskine para anotações manuais rápidas que escrevo um parágrafo sobre algum item ou expectativa para os próximos dias. É raro eu trabalhar em coisas mais densas, “deep work” durante os fins de semana ou viagens. Quando a semana tem viagens agendadas, eu consulto as rotas e tempos dos deslocamentos.

Como costuma ser o seu local de trabalho? E o que muda na sua rotina quando você viaja?

Amo minha mesa. Notebook, mousepad e fones. Sempre tenho algum livro na mesa, que estou transcrevendo ou usando como referência para algum trabalho atual. A sala da WeGov é muito agradável, o clima da empresa e as pessoas são inspirações para o trabalho. Nos últimos anos tenho viajado bastante e sinto falta da empresa, da mesa. A rotina aeroporto, Uber, hotel não me agrada tanto quanto estar “em casa”. Pensando bem, o fato de acordar e não ter o ritual matinal com a esposa e filha, é o que muda quando estou viajando. E isso definitivamente tornam os dias menos agradáveis.

Como você se organiza ao dar início a um novo projeto? Você planeja tudo antes ou apenas deixa fluir?

Todos os meus projetos nos últimos quatro anos foram na WeGov. no começo apenas eu e minha esposa tínhamos que nos planejar para executar. Com a equipe aumentando, e as mudanças muito rápidas, os planejamentos acabaram ficando muito caros. Hoje, na WeGov, temos muitas ideias e temos trocado “planejamento” por “experimento”, deixamos fluir muito mais do que planejamos tudo antes. Da ideia à execução conseguimos usar pouco tempo. Para você ter uma noção, em 2019 nós não fizemos planejamento estratégico anual e seguimos alinhados executando os projetos. A minha rotina tem bastante autonomia e flexibilidade, também gosto de experimentar e estar aberto às possibilidades e impossibilidades.

Quais são seus maiores ladrões de tempo e como você lida com eles?

Redes sociais. Tenho que ficar atento. Uso um aplicativo chamado RescueTime, que monitora as atividades. Durante 2018, tive uma “produtividade total” de 76%, então de cada hora no computador, passo aproximadamente 15 minutos em distrações. Twitter, Instagram e WhatsApp são as que mais uso. O Facebook eu já desinstalei do celular. Não deixo as notificações habilitadas para nenhum aplicativo.

Como você lida com bloqueios criativos como o perfeccionismo, a ansiedade e o medo de não corresponder às expectativas?

Eu busco mais disciplina do que motivação. Corresponder às expectativas não ocupa muito espaço nos meus pensamentos. Por incrível que pareça eu trabalho melhor com prazos mais curtos, já tentei até criar “prazos falsos” (não funcionou). Até hoje, tive a sorte de entregar todos os projetos na data, mas já deixei muitos para última hora e consegui alcançar uma certa “inspiração da véspera”. Ao longo dos anos, consegui desenvolver bastante minha criatividade e outras competências que me tornaram um profissional melhor. Parte da minha rotina de trabalho serve para isso mesmo. Para que esses bloqueios apareçam menos vezes.

De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?

Leio muito. Faço fichamento e transcrição das leituras e com isso as ideias não param. Estou sempre produzindo novos conteúdos para os serviços da WeGov. Não cultivo “dois departamentos”, tipo vida pessoal x vida profissional. Essa integridade contribui muito para me manter criativo, a chave não vira. Qualquer brincadeira com minha filha ou um jantar preparado com minha esposa (e sócia) são pratos cheios para alimentar as ideias e produzir mais e melhor.

Que livro você mais tem recomendado para outras pessoas? O que você considera inspirador ler ou aprender sem que lhe peçam ou esperem isso de você?

Atualmente o livro que mais recomendo são, os três livros do Yuval Noah Harari (Sapiens, Homo Deus e 21 lições para o século 21), especialmente Sapiens. Eu acho fascinante ler sobre a nossa humanidade, nossas histórias e nossos comportamentos. Como disse na pergunta anterior, eu leio bastante, nos últimos 3 anos, li 79 livros.

Que conselho você queria ter ouvido no início de sua carreira? Com o que sabe hoje, se tivesse que começar novamente, o que você faria diferente?

Você só vai encontrar o trabalho que gosta, trabalhando. Portanto, no começo, trabalhe em tudo que for possível. Experimente rotinas, ambientes e pessoas. Teria trabalhado em outras coisas.

Eu tive sorte de encontrar um trabalho que não preciso separar vida profissional de pessoal, e acho que essa integridade é muito conectada com a satisfação na vida.

O que você talvez faria se não tivesse seguido sua carreira atual? Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou?

Eu provavelmente seguiria uma carreira na área de entretenimento. Música, esportes ou arte. Não necessariamente como cantor, jogador ou pintor, mas em algo relacionado às atividades desses segmentos. Quem sabe não consigo encontrar um ponto de encontro entre meu trabalho atual e esses universos.

E, claro, escrever um livro. Quero começar ainda esse ano.

Arquivado em: Entrevistas

Sobre o autor

José Nunes (@nunescnt) é doutor em direito pela Universidade de Brasília.

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O como eu trabalho revela os bastidores do processo criativo de artistas e empreendedores.