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Como trabalha Ana Paula Barros

18 de fevereiro de 2019 by José Nunes

Ana Paula Barros é Mentora de Mestres de Si Mesmos e é Coach, Escritora, Palestrante, Mentora e Terapeuta Integrativa.

Como você começa o seu dia? Você tem algum ritual de preparação para o trabalho?

Vou começar contando uma pequena história, que reflete bem o que aconteceu comigo desde que seu convite para a entrevista chegou aqui.

“Certa vez, uma jovem indiana, desejando que seu filho tivesse saúde invejável, decidiu que seria importante para ele deixar de comer açúcar.

Acreditava que o açúcar era um produto que agredia o organismo. Afinal, ele possibilitava o aparecimento de cáries, além de ser um produto que facultaria à criança uns quilos a mais.

Por largo tempo ela falou ao filho para deixar de consumir o produto. Mas, a criança adorava açúcar e não o dispensava, deliciando-se com os doces mais variados.

Finalmente, a mãe procurou o Mahatma Gandhi e contou seu problema, pedindo que ele, com sua grande autoridade, falasse ao filho.

Com certeza, ele seria ouvido e atendido pelo menino.

O sábio não afirmou que ela estava certa, nem errada. Contudo, pediu-lhe um prazo de 15 dias. Decorrido o tempo, ela deveria retornar com o filho até ele.

A mulher se foi, com a alma embalada pelas mais suaves esperanças.

Os dias demoraram a passar.

Até que chegou o dia marcado para pôr fim à ansiedade da indiana. Ela tomou o filho pela mão e o levou até a presença de Gandhi, que se demorou a falar com o garoto, por mais de uma hora.

Terminado o diálogo, Gandhi se despediu do pequeno e devolveu-o à sua mãe.

A mulher estava muito curiosa. E, assim que pôde, perguntou ao Mahatma porque ele a fez esperar quinze dias, para só depois conversar com a criança:

“É muito simples”, respondeu Gandhi. “Há quinze dias eu também consumia açúcar e precisava do prazo para abandonar o hábito, pois se não o fizesse, não teria autoridade moral para lhe pedir que o evitasse.”

Algumas semanas atrás, eu estava experimentando uma rotina totalmente livre de regras e planejamento, deixando as coisas fluírem, permitindo que minha intuição me guiasse naquilo que representasse a maior contribuição que eu pudesse ser a cada dia.

Esse movimento era o extremo oposto do que eu vivia enquanto executiva do mercado financeiro, onde praticamente cada minuto da minha vida era, como diria aquele sábio de boné (é Chaves que fala, né? risos) friamente calculado.

Isso porque durante muito tempo eu fui a filha, amiga, funcionária padrão, sabe? Extremamente certinha, simpática, dizendo sim para tudo e para todos, e a cada um desses “sims” eu dizia um enorme “não” a mim mesma.

Então quando comecei a pensar na resposta para a sua primeira pergunta, uma das frases, que é na verdade uma ferramenta que utilizo muito nos processos de autoconhecimento que aplico e facilito comigo mesma (porque sou minha melhor cobaia, tudo que prego e ofereço é antes testado em mim) e com meus clientes saltou bem diante dos meus olhos: “Como pode ser mais divertido?!”

Percebi que estava, sim, vivendo em estado de flow, produzindo e trabalhando com aquilo que mais amo, mas também notei que havia muito espaço para que meu dia a dia se tornasse mais diversificado, pleno e divertido.

Assim, como havia comentado em nossas trocas de mensagens sobre a entrevista, seu contato causou uma “pequena grande revolução” por aqui! (é, as mudanças mais sutis costumam ser as mais espetaculares e importantes em nossas vidas).

Voltando à questão, minha rotina hoje está assim:

Logo ao acordar, agradeço tudo que me vem à cabeça. Da minha vira-lata ao lado da cama roncando, que tanto me alegra, à vizinha da casa da frente me olhando quando abro a janela, que me traz aquela sensação de diva-famosa-fugindo-dos-paparazzi. Agradeço tudo: a casa, o trabalho, o tempo – faça chuva ou faça sol.

Na sequência, faço uma pequena meditação: fecho os olhos, convido e dou permissão para que meu Eu Mestre (a sabedoria que reside em cada um de nós) e meu Eu Futuro (nosso Eu que já é iluminado) passem o dia comigo, me apoiem e me guiem, para que eu tome as melhores decisões.

Ainda na cama, faço alguns alongamentos. Sem regras, vou sentindo meu corpo e fazendo aquilo que ele me pede, pelo tempo que sentir necessário.

Outra coisa que tenho praticado também antes de sair da cama são 60 segundos de malhação que aprendi com o Adamus Saint Germain. São 60 segundos em que permitimos ao nosso corpo se integrar com nossa alma, para eles se realinharem, fazerem as pazes e entrarem em forma – isso me economiza enormes esforços que seriam dispendidos numa eventual academia, mas só funciona se você acreditar e se permite receber os benefícios advindos da confiança na sua Sabedoria Maior.

Depois tomo um café gostoso, com calma, enquanto dou uma olhada nos e-mails e nas redes sociais para ver se algum cliente ficou sem resposta. Aí dou uma olhada na agenda e nos compromissos do dia e da semana para começar a entrar no clima do dia, e saber o quanto tenho ou não que correr em algumas atividades.

Antes de começar a produzir ou trabalhar, escolho um dos baralhos ou um dos jogos que uso nos processos de Coaching com Jogos, e tiro uma carta, que me trará inspiração para o dia.

Como você organiza sua semana de trabalho? Que ferramentas você usa para se manter organizada?

Eu amo coisas de papelaria.

Agendas, planners (físicos ou de imprimir), bloquinhos, caderninhos.

Este planner aqui me auxilia demais, pois por ser digital permite que eu imprima uma via para tarefas pessoais, outra para os compromissos de trabalho (atendimento de clientes, horário de aulas de cursos e mentorias) e eventualmente uma terceira via exclusiva para os projetos nos quais eu estiver trabalhando.

Costumo dizer que não existe gestão de tempo, pois o tempo é fixo e igual para todos, sejamos CEO da maior empresa do planeta, ou donos de casa. Então foco na gestão das tarefas, que é onde temos ingerência.

Na parede do meu DreamOffice (nome que carinhosamente dei ao meu escritório) há várias pranchetas de fácil acesso e visualização, que por ficarem bem à mostra, me trazem bastante clareza e direcionamento. Nelas coloco os planners que imprimo.

Também amo de paixão esta ferramenta que disponibilizei e explico como usar num recente artigo do meu blog para podermos visualizar e quantificar nossa evolução semanal. Ela tem feito milagres por aqui, pois muitas vezes fazemos muitas coisas, mas não conseguimos enxergar evolução ou ver os resultados, e ela resolve isto de forma prática e muito simples!
Aproveito todos estes recursos para organizar e otimizar meu dia, mas sempre deixo espaço para pausas criativas e revigorantes – 15 minutinhos para tomar um café, ouvir uma música, agarrar o cachorro, amassar o gato, dançar comigo mesma, ou até dar uma volta de bicicleta no quarteirão.

Isso me inspira muito, e normalmente traz resultados surpreendentes e totalmente fora da caixa.

Hoje trabalho com 3 diretrizes principais nos meus dias:

Ser, Fluir, Contribuir.

Sendo que Ser é a mais difícil e importante das 3 pra mim.

Ser:

Busco ser verdadeira em tudo que faço. Ser íntegra, plena, inteira. Ser e estar presente. Viver a minha própria teoria na prática.

Ser eu mesma, em essência, sem máscaras, culpas ou vergonhas, sem me comparar a ninguém mais – e admito que às vezes escorrego aqui.

Mas está tudo bem, a mestria se conquista praticando com constância e consistência, não é mesmo?

Fluir

Fluir é me permitir seguir na direção em que o ritmo, os sinais e a energia seguem com total facilidade. É estar em flow, leve e me colocando como instrumento em tudo que faço. Acredito que o caminho certo é aquele em que nos permitimos fluir, e sermos nós mesmos.

Contribuir

Antes de todo e qualquer movimento que estou prestes a fazer, tenho me perguntando se aquilo será contribuição para mim, e se eu serei contribuição para aquela ação ou projeto, se ao fazer aquilo estarei contribuindo com meu crescimento e com o Bem Maior. Quando a resposta é positiva, eu sigo em frente, e quando é negativa, eu observo quais alternativas se apresentam para que possa fazer novas escolhas e reprogramar a rota.

Como costuma ser o seu local de trabalho? E o que muda na sua rotina quando você viaja?

Meu principal local de trabalho hoje é meu DreamOffice, meu escritório dos sonhos, que foi totalmente projetado para que tudo que eu uso fique à mão e à vista no momento dos atendimentos: ferramentas, livros, som para as músicas de fundo para procedimentos de meditação, etc…

A maior parte dos atendimentos que faço hoje se dá online: atendo clientes de sessões individuais de coaching, mentoria ou das terapias integrativas que faço (Terapia Floral, ThetaHealing®, EFT, Access Consciousness®, etc) na minha sala virtual. 
As mentorias, encontros e aulas que ministro hoje também são em sua grande maioria online, e até eventuais sessões de Coaching com Jogos, individuais ou em grupo com ferramentas como Points of You e Miracle Choice, por exemplo, podem ser feitas pelo computador.

Por algum tempo, no começo desta carreira na área de autoconhecimento e  desenvolvimento pessoal, admito que tive certa resistência em trabalhar com atendimento remoto. Mas logo percebi que não havia prejuízo algum na qualidade do atendimento ou nos resultados apresentados.

Além disso, o cliente não chegava atrasado, estressado pelo trânsito ou esbaforido na sessão, podendo muitas vezes participar após um banho, um café, do aconchego da sua casa, ou mesmo da sua mesa de trabalho no final do expediente, quando o escritório já está vazio e mais tranquilo.  Ah, e as sessões têm a opção de serem gravadas, e podem vistas novamente sempre que desejado.

Isso é maravilhoso, pois me possibilita atender clientes do outro lado do globo: Graças a esta facilidade, já atendi, por exemplo, clientes que moram em países como Argentina, Portugal, Estados Unidos, Irlanda e Bélgica.

Por atender online, mesmo quando viajo posso dar continuidade aos processos individuais e em grupo que estejam em andamento. E o melhor, com uma pano de fundo diferente daquele que o cliente está acostumado, o que acaba sendo uma experiência nova, interessante e revigorante para ambas as partes.

Como você se organiza ao dar início a um novo projeto? Você planeja tudo antes ou apenas deixa fluir?

Como contei no começo da entrevista, já fui de planejar absolutamente tudo. Passo a passo, movimento a movimento, a hora de inspirar e de expirar. Mas isso não funciona mais pra mim. Pelo menos não neste momento da minha jornada.

Hoje, estou me permitindo deixar fluir mais. Deixar os projetos me mostrarem o caminho a ser percorrido, as pessoas a serem contatadas, os canais a serem utilizados.

Lógico que faço minha parte de colocar no papel um escopo, desenho ou até um plano de ação para que possa ter uma visão clara do que estou fazendo com minha equipe, daquilo que está ou não dando certo, o que está fazendo ou não sentido.

Mas percebi que é importante ouvirmos os sinais que são dados durante o caminho. Alinhar, adaptar, deixar fluir, observar.

Gosto de pensar que eu e minha equipe operamos em Versão Beta, ou seja, aquela versão que já está em funcionamento, mas que permite ajustes, mudanças e melhorias o tempo todo.

Como empreendedora, as agendas, prazos, metas e objetivos partem muito de mim mesma. No começo da minha carreira empreendedora, eu me cobrava muito, e exigia que todos os prazos estipulados por mim mesma fossem seguidos à regra, independente dos sinais externos que eu estivesse recebendo.

Isso já me exauriu e machucou muito. A gente sai do mundo corporativo e de processos burocráticos, mas eles não saem automática nem rapidamente da gente. Tive que aprender a me desapegar de muitos de modus operandique vieram comigo “de brinde” da minha vida corporativa. Percebi que dentro de nossas mentes empreendedoras podem estar os chefes mais carrascos e insensíveis do mundo. E que cabe a nós fazer uma boa gestão deles, a ponto de gostarmos de todos os nossos pensamentos, sentimentos, palavras e ações, como menciono no meu livro Pequeno Manual de Infinitas Respostas – Gênesis.

Quais são seus maiores ladrões de tempo e como você lida com eles?

O conceito de autorresponsabilidade, que muito resumidamente é a ideia de que somos criadores da nossa realidade, e somos responsáveis por tudo que estamos vivendo, seja ao atrair ou ao interpretar aquilo que estamos experimentando em nossa realidade, não me permitiria classificar nada como um ladrão do meu tempo; afinal, a escolha de entregar meu tempo de bandeja a algo ou alguém é, no final das contas, sempre minha.

Mas, sim, eu também jogo meu tempo fora.

A quem entrego meu tempo de bandeja?

Redes sociais – embora sejam minha principal plataforma de comunicação, marketing, atendimento ao cliente, venda e pós-venda, eu poderia delegar e automatizar mais algumas coisas, mas admito que ainda gosto de interagir diretamente com meu cliente em alguns casos.

Minhas próprias dúvidas sobre mim mesma – percebi que passamos mais tempo duvidando de nós mesmos do que nos dando apoio e confiando em nossos próprios projetos, sonhos e ideias. A tarefa aqui é trabalhar a confiança no processo e substituir dúvidas por algo positivo, como fé, otimismo e positividade. Já bastam os desafios lá fora, não é mesmo?

Comparação com outros profissionais também pode roubar muito tempo do empreendedor – olhar o que os outros estão fazendo, como estão fazendo, com quem estão fazendo. Conscientemente isso não faz muito sentido, pois não acredito que exista receita de bolo para o sucesso, e que somos seres únicos, dotados de dons e talentos ímpares. A comparação rouba o tempo que poderíamos estar usando para ser, fluir, contribuir.

Por muito tempo tudo que não era minha essência “roubava meu tempo”: um trabalho que eu não amava. Um trânsito que levava pro ralo mais de duas horas e meia do meu dia. Pessoas que trabalhavam comigo que falavam de outras pessoas, com quem eu não escolheria trabalhar se tivesse esta opção.

Fui fazendo algumas adaptações ainda no mundo corporativo, e parei de dar meu tempo de bandeja a esses fatores: ainda no mercado financeiro, comecei a colocar amor em tudo que fazia no meu trabalho, ainda que não fosse o trabalho dos meus sonhos. Comecei a trabalhar com coaching em paralelo, nos idos de 2013, atendendo após o horário comercial e aos sábados. Fiz do meu carro uma universidade, e diariamente ia e voltava do trabalho ouvindo palestras, aulas, entrevistas extremamente interessantes e ricas, que me inspiravam e traziam alegria em aprender algo novo todo dia, sobre mim, sobre as pessoas, sobre o mundo. Passei a escolher melhor minhas companhias de almoço, gente que falava de sonhos e projetos, e não mais gente que criticava ou julgava outras pessoas.

Temos o poder de escolha, o tempo todo. Mesmo quando achamos que não há saída, há sempre enormes portas que, de tão grandes e por estarem na frente do nosso nariz, podemos estar interpretando como paredes gigantescas. É aí que entra o meu trabalho: mostrar que aquilo que parece uma parede é, na verdade, um portal para uma nova realidade. E que as chaves já estão com você. Eu só te ajudo a encontrá-las.

Como você lida com bloqueios criativos como o perfeccionismo, a ansiedade e o medo de não corresponder às expectativas?

Entendo bloqueio criativo como um sinal do universo me dizendo, como escrevi no instagram outro dia, “está frio, Ana”. Sabe aquela brincadeira de cabra-cega?

Quando estamos indo no caminho errado (uma pequeno parêntesis: na verdade eu não acredito em caminho errado, pra mim todo caminho é válido, pois sempre nos trará uma preciosa lição, então o que chamo de caminho errado aqui seria apenas um caminho mais longo, ou seja, que está levando mais em consideração a nossa razão do que os anseios da nossa essência) as coisas esfriam, a criatividade e o entusiasmo somem, os clientes e contatos desaparecem, as vendas caem.

Sobre perfeccionismo já entendi que se fosse pra ser perfeita eu não estaria neste planeta. Aqui, a perfeição está no que nossa porção humana considera e rotula como imperfeito. As pétalas de uma flor não são totalmente regulares nem idênticas, a orelha direita do meu gato tem um pequeno recorte natural que parece ser uma mordida – e mesmo assim ele é lindo e perfeito.

Há um bom tempo já desisti desta ideia maluca de perfeição.

Posso, sim, sempre fazer o meu melhor, e propor a mim mesma que faça tudo com mestria – pelo menos da melhor forma que puder fazer com a bagagem, experiência e consciência que tenho naquele momento.

E com isso, a cada agora, vou fazendo as coisas de um jeito melhor.

Ansiedade é quando a gente pega aquela caixa enorme com um laço magnífico chamada “presente” e joga no lixo, sem nem olhar o que havia ali dentro.

Ansiar algo que ainda não estamos vivendo é uma espécie de suicídio existencial: eu me anulo, e aniquilo meu momento presente por algo que desejo ser e viver num momento seguinte – que pode nunca existir ou nem acontecer.

Se tudo que temos é este agora, e daqui a um minuto, uma hora ou um ano será “agora” de novo, entendi que é melhor eu aprender logo a fazer as pazes e honrar o meu presente ou o “agora”. Afinal toda hora será agora.

Existe uma empresa que fabrica uns relógios muito sensacionais, cujos ponteiros sempre marcam “agora”. Como seria nosso mundo se todos os relógios fossem assim?!

Tenho buscado ficar mais e mais no momento presente, vibrando e sentindo em cada agora o que eu quero sentir num momento futuro. Assim, entendo que estou fabricando – ou atraindo – um próximo agora (ou futuro) de igual ou superior qualidade.

Medo de não corresponder às expectativas

Vamos lá: expectativas só têm um resultado certeiro, e esse é frustração.

Se nem nós na maior parte do tempo sabemos o que queremos, como seria possível eu, uma mera mortal, atender às expectativas de outra pessoa que, como eu, não sabe nem o que ela quer ou espera dela mesma, quem dirá o que espera de mim ou de outra pessoa? Entende o quão irracional é este movimento que fazemos de tentarmos atender expectativas?

Eu não posso atender às expectativas de ninguém. Por mais amada e querida por mim que essa pessoa seja. Na verdade, nem as minhas expectativas eu atendo, porque quando me imponho e me cobro e não sai como combinei comigo mesma, eu também me frustro.

Tirei expectativas do meu vocabulário e da minha vida. Porque não estou aqui pra fazer o esperado, o previsível, o que já existe.

E o ser humano só pode esperar o que já conhece.

O que não conhece é inesperado, é surpresa, não entra nem cabe em expectativas.

Estou aqui pra me permitir ser, fluir e contribuir de formas tão sensacionais, surpreendentes e incríveis que nem eu mesma poderia esperar ou descrever.

Eu abro minha vida para minha maior versão, aquela que é instrumento de amor, contribuição e transformação, de formas que nem eu imagino.

Isso ou algo ainda maior e melhor!

De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?

Penso que existe um banco de dados universal, onde residem todas as ideias, e que nós, seres humanos, somos um canal para sua materialização.

Somos como computadores, com uma memória limitada e restrita. Mas quando nos conectamos a uma Sabedoria Maior, passamos a ter acesso ao banco de dados das ideias –  a conexão com esta sabedoria é aquela que convido a passar o dia comigo, meu Eu Mestre, que menciono no começo da entrevista.

Em seu livro Grande Magia, Elizabeth Gilbert (autora do livro Comer, Rezar, Amar) ilustra bem a história das ideias, não com as palavras que usei, mas de uma forma interessante.

Deste modo, entendo que as ideias são capturadas quando estamos nos permitindo sermos nós mesmos, principalmente quando estamos despreocupados e nos divertindo.

Já reparou como temos ideias brilhantes no banho, quando estamos livres para sermos nós de verdade, sem nossas máscaras ou armaduras de proteção?

Novamente aparecem aqui o Ser, Fluir e Contribuir.

Se tivesse que elencar um conjunto de hábitos, seriam estes.

Todos os outros derivam disto:

As pausas que mencionei que faço, por exemplo, nada mais são que momentos para eu ser, fluir e contribuir.

A dança, idem.

Mas, você pode estar se perguntando: nestes casos você está contribuindo com quem? Com o quê, Ana?!

Contribuindo com meu ser, com minha alegria, com a saúde da minha mente, do meu cérebro, das minhas células, do meu espírito! E só quando estou no meu centro, posso ser a mais sensacional Ana para todos que me cercam.

Dançar, por exemplo, é uma das formas mais rápidas e efetivas de você mudar sua vibração. Não custa nada e você pode fazer até no banheiro do seu escritório.

Muitas das soluções para os desafios mais cabeludos que eu tinha no mudo corporativo vieram pra mim assim, sabia?

Eu dava uma fugida até o banheiro e usava ferramentas como respiração, EFT (uma espécie de acupuntura sem agulhas que você pode fazer em si mesmo para cura e desbloqueio – tem um vídeo ensinando sobre isso no meu canal do YouTube), ou apenas dançava um pouquinho para oxigenar meu cérebro e mudar o foco, e as soluções vinham!

As ideias nos visitam o tempo todo, mas acredito que quando estamos no estado de Ser, ou seja, sendo nós mesmos, e no Fluir, nos permitindo fazer as coisas com leveza, alegria e diversão, passamos a ser instrumentos prefeitos do Contribuir, e as ideias acabam escolhendo fazer morada em nós com maior facilidade e frequencia.

Que livro você mais tem recomendado para outras pessoas? O que você considera inspirador ler ou aprender sem que lhe peçam ou esperem isso de você?

Escrevi meu primeiro livro, o Pequeno Manual de Infinitas Respostas em março de 2018, e desde então ele tem sido o livro mais recomendado por mim a amigos e clientes.

Outro livro que sempre indico é o Você pode curar sua vida, da Louise Hay, que foi um dos primeiros livros que me inspiraram nesta mudança radical de carreira pela qual passei. O filme de mesmo nome também é imperdível se você está mergulhando neste universo de autoconhecimento, evolução e despertar.

Conforme nosso nível de autorresponsabilidade e consciência vai se expandindo, nossa forma de ver, interpretar e compreender as coisas muda muito.

Hoje admito que muitos conceitos e formas de ver o mundo não fazem mais sentido pra mim. Mas ainda gosto muito de ler Osho, Eckhart Tolle, Joe Vitalle, Greg Braden, Joseph Murph, Brene Brown.

Que conselho você queria ter ouvido no início de sua carreira? Com o que sabe hoje, se tivesse que começar novamente, o que você faria diferente?

Gostaria de ter tido mais tempo para me conhecer antes de fazer a faculdade que fiz, só para garantir o estágio num emprego que não amava, que por sua vez me exigia estar num curso de faculdade que não foi nem de longe minha paixão.

Temos um dilema de Tostines aqui, produção?

Sim!!!!

Sempre amei estudar, e durante minha faculdade e minha pós-graduação me questionei muito a razão pela qual eu não tinha interesse em aprender e me aprofundar naquelas coisas.

Se lá atrás eu tivesse a consciência que tenho hoje de quem sou (do que somos, e de quem somos), eu provavelmente não teria feito faculdade, nem pós, nem tirado ou colecionado uma série de certificações, diplomas, títulos. Teria me permitido ser mais livre, viver com menos regras. Menos matérias decoradas, e mais conteúdos que fazem meu coração se alegrar. Teria possivelmente estudado menos, mas aprendido mais.

Não curtia decorar datas históricas de caráter duvidoso (quem assiste no canal GNT ou já leu Guia Politicamente Incorreto da história do Brasil sabe do que estou falando), nem o tipo de vegetação das montanhas rochosas. Mas sempre amei aprender. Como as coisas funcionavam, como transformar uma coisa em outra, como trazer sonhos e ideias para a matéria. E também amava ensinar.

Acredito que um dia seremos capazes de dizer aos nossos jovens e crianças que tudo é possível. Que eles não precisam encher a cabeça com alguns dos conteúdos que recebemos na escola, que nunca usaremos na vida, mas que poderão aprender como podem entender melhor seus próprios pensamentos, sentimentos, como podem se amarem mais, se respeitarem mais, se aceitarem por inteiro, de modo que sejam capazes de fazer isso por outras pessoas também automaticamente. Como podem comunicar a maneira como se sentem sem culpar ou agredir terceiros, usando por exemplo a comunicação não-violenta. Poderão estudar assuntos que lhe interessam de forma modular e mais livre, sem a necessidade de formatarem a mente com dados que somente ocupam espaço de coisas mais importantes, investindo tempo, dinheiro e energia naquilo que realmente importa para que sejam a maior e melhor contribuição que podem ser para o mundo.

O que você talvez faria se não tivesse seguido sua carreira atual? Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou?

Estou vivendo a minha vida dos sonhos agora.

Após quase 2 décadas no mercado financeiro, onde sentia ter caído de paraquedas, e me sentia uma farsa, uma fraude, hoje estou totalmente realizada na minha nova carreira como Mentora de Mestres de Si Mesmos.

Adoro estudar e expandir os conhecimentos que tenho sobre desenvolvimento humano, mas sobretudo sou apaixonada pelo potencial, grandeza e sabedoria ainda não descobertos que cada ser neste planeta traz dentro de si.

Mostrar às pessoas quem elas realmente são, trazer à tona seus dons e talentos, suas habilidades e capacidades, lembrando-as de que elas não estão quebradas, não precisam de conserto ou ajustes, nem há necessidade de passarem a vida procurando a tal da sua melhor versão, mas, pelo contrário, auxiliá-las a reconhecerem toda sua mestria, exuberância, potencial, luz e reencontrarem no agora sua maior versão é algo que faz meu coração transbordar de alegria.

Meu maior projeto sempre será refinar a minha principal ferramenta de trabalho: eu mesma, ou seja, me amar incondicionalmente, respeitar, honrar, valorizar a tal ponto que quando qualquer pessoa olhar para mim, possa ver refletido tudo aquilo que ela já é, sempre foi e sempre será em essência.

Minha próxima ideia de contribuição para o mundo é A Escola de Mestres, uma plataforma na qual cada aluno possa, por sua vez, relembrar como se amar, se honrar, se respeitar e deixar brilhar sua luz e ser a maior e mais linda contribuição para o mundo que pode ser, ou seja, ser mestre de si mesmo, com auxílio de algumas técnicas, ferramentas e partilhas da minha própria jornada e eventualmente de alguns profissionais parceiros meus.

Arquivado em: Entrevistas

Sobre o autor

José Nunes (@nunescnt) é doutor em direito pela Universidade de Brasília.

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O como eu trabalho revela os bastidores do processo criativo de artistas e empreendedores.